quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

MARIA




Ela acorda
e dança
respira e sente os cheiros
lê o jornal
prende o cabelo.
Ela acorda
e canta
corta cebolas
não chora
ri e faz solfejos.
Ela acorda
e espreguiça,
só quer o café fumegando
isso é pura e simples alegria.


Daniela Reis


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A VOLTA




Vento que vai
vento que vem
cá estou eu
novamente
tratando das peripécias do eu
tratadas por vezes com desdém.
Cá estou eu
depois de tanto
depois de tudo
cheia de algo
que de tão profundo
me afoga.
Cheia de algo
que de tão intenso
se desdobra...
Que se desfaz como o vento
e toma outras formas
e escorrega pelos dedos
e novamente se transforma.
Depois de tanto
de tudo
cá estou eu,
finalmente
desnuda.


Daniela Reis

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

VERBORRAGIA



Verborragia
ininterrupta
calcificação dos dizeres.
Luzes confusas
palavras soltas
mãos ardendo
em tarefas escusas.
O ponto final
que desliza, vira traço
e não vem,
ou mesmo o sorriso sincero
que busca
sacia
e não vale sequer
um vintém.

Daniela Reis

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MAR DE GENTE


Eles caíam aos montes
taciturnos
vagavam na escuridão do dia
catástrofe em lamúrias
mundanas vestes
escarlates sorrisos.
Mendigando a vergonha
dos traços impuros
em desalinho.
Quem sabe a senhora
que ao passar nem o nota
que sufoca o olhar
mas aos céus se desdobra...
Quem sabe ela pulse ao sentir
o cansar desses olhos aflitos
ou acolha alguém que a vagar
se aqueça com um simples sorriso.


Daniela Reis

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CHOQUE




Alienação
Invisibilidade
Ostentação
Carência
Deficiência 'ex- trutural'
Fome
Caos
Multidão
Desassossego múltiplo
Reencontro
de paz e perdão.



Daniela Reis