terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CLARISSE


Clarisse está sentada no seu quarto
com seus discos e seus livros
lustrando seus sapatos
e ouvindo Beatles.
Demora a dormir
quando se põe a pensar
lembra dos trabalhos da aula
e das contas pra pagar.
Acorda Clarisse! É hora de trabalhar!
Às vezes se corta no banheiro
depilação é cara,
ela usa gilette mesmo.
E sai de cabelos molhados se sentindo limpa
com a alma lavada
pronta pra enfrentar
mais um dia de gente grande
mais uma descoberta, um despertar.
O mundo continua sempre o mesmo
mas Clarisse desconstrói o céu
e o recria com seus próprios dedos.
Três pontas? Um quadrado?
Não!
Clarisse o faz redondo
como a sua cara de lua.
Ah! O céu e sua imensidão!
E quando chega o fim do dia
e ela só pensa em descansar
olha para o céu e vê a lua
puro brilho a iluminar
e reza baixinho
e agradece
por tudo que a vida lhe dá.
Clarisse é um pássaro
se a trancam na gaiola
fecha os olhos com força
e tudo em torno de si se transforma.
Clarisse não tem mais 14 anos.


Daniela Reis

sábado, 23 de fevereiro de 2013

IWAZARU



Não vou mais falar
apenas ouvir.
Se eu falo me perco
desnorteio
tropeço.
Não vou mais falar
apenas ouvir.
Que eu ouça o silêncio
mas possa sorrir.
Ele realmente não entende
não sabe o que se passa por inteiro...
Mas não vou mais falar,
sequer vou ouvir!
Se eu me ouço me perco
e se perder é sempre um tropeço
um eterno sucumbir.

Daniela Reis

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ESCOLHA




Lá fora a luz é tênue
As nuvens corrompem qualquer resquício do sol...
Faz frio, tem névoa
e os espíritos maus rondam as almas benditas
que se deixam envolver pelo breu.
Minh’alma está entre aquelas
que se fazem a própria luz,
deixando por onde passam
uma gotinha de brilho
guiando aqueles que querem
apenas seguir com a sua cruz.
Eu não desfaço daqueles que temem
muito menos dos que não tem fé.
É uma escolha:
Ou se planta sorrisos,
ou então se desdobra em suspiros
na lamentação do que não se é.

Daniela Reis

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

LUZEIROS

Se eu tivesse que optar
entre viver por viver
ou ainda me machucar
preferiria andar por entre os cacos,
pisar na brasa, sangrar no aço
do que me subjugar aos tolos.
Não é orgulho nem vaidade.
Não é escárnio.Não sou ambígua!
É um perceber da realidade que me afunda
que me distrai do passo lento,
da caridade,
do amor... Da pura e simples liberdade.
Tolos, impuros, vazios...
Sem sentimentos
me afundam em seus breus
e apagam meus luzeiros.
Entre viver por viver
ou ainda me machucar
prefiro ser pura luz, ser diferente,
ser a guia a me guiar,
e em meus passos vou clareando
quem meu caminho atravessar.


Daniela Reis