segunda-feira, 30 de abril de 2012

AMOR MEU





Embala o riso leve
da tua face
amor meu.
Distingo a pureza da brisa
que paira em teu peito suado
das palavras doces e ternas
nas noites enluaradas.
Embala assim em meu peito
todo amor que me acomete
amor meu.
Acalenta com teus beijos
meus abraços,
e meu espírito que inteiro
ainda é teu!

sábado, 28 de abril de 2012

SIMETRIA




Essa ansiedade tem nome,

sobrenome e endereço.

É algo maior que meus medos,

é um sentir apenas por desejo de sentir.

Essa ansiedade tem nome,

tem cálculos simétricos...

Tem hora e data certa

e é mais pontual que sincera.

Essa ansiedade corrói

derruba qualquer temor ou preceito,

e faz de mim mera guardiã

do sentimento mais corriqueiro...

Trazendo nuances de esquecimento

e sem sombra de dúvida

os marasmos do meu  pensamento.

Faz cada centímetro da minh’alma

querer uma única coisa,

e esquecer de tudo que há em volta

tudo que possa trazer lembranças insólitas,

me abrigando num mundinho estreito

intocável, sobre-humana

e sem mais nenhum preconceito.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

PREDOMÍNIO DO SENTIDO INTERIOR



      Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas. Gostava de admirar a beleza das coisas, descobrir no imperceptível, através do diminuto, a alma poética do universo.
      A poesia da terra nunca morre. Podemos dizer que as eras passadas foram mais poéticas, mas não podemos dizer (...)
      A poesia encontra-se em todas as coisas - na terra e no mar, no lago e na margem do rio. Encontra-se também na cidade - não o neguemos - é evidente para mim, aqui, enquanto estou sentado, há poesia nesta mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no barulho dos carros nas ruas, em cada movimento diminuto, comum, ridículo, de um operário, que do outro lado da rua está pintando a tabuleta de um açougue.
      Meu senso íntimo predomina de tal maneira sobre meus cinco sentidos que vejo coisas nesta vida - acredito-o - de modo diferente de outros homens. Há para mim - havia - um tesouro de significado numa coisa tão ridícula como uma chave, um prego na parede, os bigodes de um gato. Há para mim uma plenitude de sugestão espiritual em uma galinha com seus pintinhos, atravessando a rua, com ar pomposo. Há para mim um significado mais profundo do que as lágrimas humanas no aroma do sândalo, nas velhas latas num monturo, numa caixa de fósforos caída na sarjeta, em dois papéis sujos que, num dia de ventania, rolarão e se perseguirão rua abaixo. É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus, a tomar plena consciência de sua queda, atônito diante das coisas. Como de alguém que conhecesse a alma das coisas, e lutasse para recordar esse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não sob aquelas formas e aquelas condições, mas de nada mais se recordando.
Fernando Pessoa em "O Eu Profundo".
1910?

domingo, 22 de abril de 2012

AMBÍGUA

Amo ou desejo?
Amo ou idealizo?
Sinto ou procuro?
Fujo ou beijo?
Ando... Só ando
em frente e não olho,
atrás só há meios
de todo ilusórios.
Amo ou quero?
Amo ou dependo?
Sinto ou finjo?
Fujo ou entendo?
Supero meus medos
e apenas relembro...

Daniela Reis

sexta-feira, 20 de abril de 2012

QUASÍMODO




Noite insólita passou sem mais delongas
Em meu peito a mesma crítica
a mesma súplica,
o mesmo vazio inquietante...
Nada
nunca
certo.
Nunca
nada
muda.
E os sorrisos com o tempo
congelam-se...
E a ojeriza que se encerra no meu peito
padece
e cresce.
Quando suspeita que escarnece e se desfaz
e o peito volta a sentir uma vez mais...
Nada se soma
nada se cria,
e uma vez mais se desfaz a sinfonia!
Do alto do alabastro
diante das portas de ferro
sinto-me tal Quasímodo:
Presa
e suja
e impura.
E das nuances de um enlace profundo
outra vez desfaz-se o sonho
vai-se embora...
Distancia-se...
Outra vez o abandono.
Do alto do alabastro
vendo as entradas do círculo de fogo
petrifico-me.
E creio não mais sentir-me
vendo o ferro fundindo-se
e assim as portas abrindo-se...
Mas dali mesmo,
do alto do alabastro
sinto a brisa do poente de além mar...
E desta brisa que minha face acaricia
vem o sopro da esperança uma vez mais...
O sopro que liberta
limpa
e purifica...
O sopro que traz o tilintar dos sinos
e o fulgor mais uma vez da sinfonia...
E que se faça lei o antigo aviso dos céus:
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
Por todos os dias de minha vida...
Que assim seja.
Que assim seja...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SERENO


Das flores que outrora eu vi
das águas nas quais refleti
vi meu rosto transmutado,
minhas mãos de novo em agrado
as luzes do céu anil
agora acariciam suavemente
as águas puras do rio...
Carícias deveras sentidas
pelo orvalho das paragens
pelo sereno da noite
pelo corpo então suado.
Carícias reveladoras
do amor mais benevolente
do sentir das nuas verdades
do querer,só querer somente...
Das flores que outrora eu vi
das águas nas quais refleti
restou um amor tão puro
que de mim não pode sair,
estreita-se em puro deleite
percorre-me o corpo
e a mente
desvia-se das angústias
desvia-se do passado...
Apenas sente...
Aconchega-se em meu peito
e ali fica,
permanece,
e sente...

terça-feira, 17 de abril de 2012

IMPÉRIO DAS ÁGUAS TURVAS




Vivo numa redoma.
Redoma de anseios e medos
de torpes desejos frustrados,
mas também de desassossegos
que pairam às margens da realidade
e divergem da rota antes estipulada
pela minha imbecil vaidade.
Vaidade esta
que teme em supor desapegos,
que segue a descumprir meu apelo
por dias de serenidade.
Protejo-me então
de todo e qualquer despautério
que posso infringir os limites
do meu sagrado império.
Império das Águas Turvas:
Rei de Coisa Nenhuma,
Rainha Tecelã do Destino,
Príncipe da Nostalgia Eterna,
Princesa do Desatino.

Daniela Reis

segunda-feira, 16 de abril de 2012

HISTÓRIAS




Das coisas que aprendi
nos livros
nada sei,
nada fiz
nada é.
No cinzeiro da desgraça
que escancara
lembranças ternas
em meio a fumaça,
vejo o passado
num túnel distante
quebrando estigmas
de um viver ainda errante.
Das coisas que aprendi
nos livros
descobri
que o futuro
fica pra outra hora...
Pensando
revolvi feridas
castiguei minh’alma.
O último gole traz silêncio
e risos
risos prontos, sem demora,
e no deslanchar do escárnio
adormeço...
Como nos livros
nas verdadeiras histórias...

Daniela Reis

terça-feira, 10 de abril de 2012

NO ESCURO


Em meu plácido pensamento
viaja em inércia remota
em meio a vozes e gritos
o desenrolar da história...
Meus medos que,
antes secretos
sublimam a dor, a censura
e diante do amor complacente
despem-se, inibem-se
sob o brilho tenro da lua.
Em mim mesma
encontro linhas
distorcidas pelo tempo
que levam à dor mais tênue
que ficara ao esquecimento.
Em um canto obscuro do peito
lágrima insípida
do pensamento,
dor contínua e repulsiva
imagem cálida do lamento.
Remetendo as mais puras
nuances do ser: inaudíveis
Explorando novos caminhos
surtindo em novos artífices.
Para derrubar as barreiras
inibindo a força
dos erros,
para estreitar os laços
suprindo as falhas, tropeços...
Agindo talvez já distante
do eu que apenas queria ser eu
sabendo ser inconstante
em meio a angustia em breu.
Em meu plácido pensamento
esgota-se a luz, a candura
estende-se a voz, o sussurro
na mais doce paz do silêncio
permaneço assim:
No escuro...

Daniela Reis

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PUPILAS


Azul de mar
límpido
dos olhos teus,
com resquícios de Helena de Tróia
e dos deuses dos Filisteus...
Nuance pálida de enlace tímido
da vanguarda do esquecimento,
dos rumores da dor contínua
do fulgor de cada lamento.
De tuas lágrimas vindouras de além mar,
desses olhos de mar tão puro
singelas águas pacificam
um semblante já mais maduro.
Dos céus trouxeste a glória
das pupilas de um Deus plebeu
e diante dos impasses vindouros
entrega-te ao que é teu...
Quão suaves serão meus beijos
quão afã o regalo meu
de amor sublime e puro
no acalento dos braços teus...

Daniela Reis

quinta-feira, 5 de abril de 2012

POEMA EM LINHA RETA



Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos

terça-feira, 3 de abril de 2012

Conto de fadas



Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento…
Trago no nome as letras duma flor…
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento…
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: “Era uma vez…”

Florbela Espanca


AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Fernando Pessoa

Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21-10-1935

MAGNIFICAT


Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Álvaro de Campos, 7-11-1933

...

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade.

Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada,
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

Alberto Caeiro, 1-10-1917
Pouco me importa.
Pouco me importa o quê?
Não sei: pouco me importa.

Alberto Caeiro, 24-10-1917

O teu riso



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Talvez


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos…
E por amor
Serei… Serás… Seremos…

 Pablo Neruda

A VALSA DAS ROSAS


Na valsa das rosas no inverno,
prostradas por medo do frio
encolhem-se olhando ao redor
buscando encontrar seu brio...
As rosas não temem segredos,
as rosas desprezam apegos...
Dançam... Apenas dançam...
Rodopiam, alegram, riem:
Se cansam...
Mas rosas no inverno aquietam,
enjoam,
desencantam:
No alvorecer do dia se espantam...
Mais um dia sem calor, sem primavera,
mais um dia a rejeitar suas quimeras.
Rosas só sentem,
em mais de um dia surpreendem.
Quando vêem já foi... Passou...
E no inverno o frio já cessou.
Sua valsa em novo tom
já mais faceiro
que enrubescendo dá às flores novo anseio...
Pois a girar seguem assim:
Sem mais ter fim, a suspirar...
E esquecendo do inverno e a displicência
em sua dança brota amor num novo amar.

Daniela Reis



segunda-feira, 2 de abril de 2012

MINHA FACE


Surpresa...
Destino?
Enchem-se de lágrimas os olhos...
Sarando o coração em espinhos...
Surgiste:
Como corsa a sobrevoar as águas límpidas.
Sobrevoando o meu espírito doente
mostrando a luz e a saída do fascismo
que temeroso do futuro, da incerteza
lembra o passado, com a beleza do poente.
Sinto então toda essa luz, essa magia...
E percebo-me em meio ao fogo, à armadilha!
Como pude mudar tanto em pouco tempo?
Como pude ressentir-me em desalento?
Deixei minha face em algum lugar do meu passado,
E essa agora... Não sou eu, não reconheço...
Pelo menos não é a mesma do espelho...
Em devaneios penso saber qual o caminho
mas já pensava sabê-lo outrora...
Pois veja: as escolhas foram feitas,
erradas e distorcidas pelo medo,
cerradas no meu peito que só chora.
Mas tu vieste...
Sorriste...
E com essa luz inebriaste minh’alma
abrindo um novo caminho ainda estreito
que quem sabe trará à tona minha face...
Mas a verdadeira face!
Não esta que agora se desfaz...
A face do amor, da inocência,
do pudor e não da simples complacência.
A face daquela que amou sem nenhum medo,
que buscava no vento o doce sabor do teu beijo.
Pois esse mesmo sopro trouxe a mim nova atitude!
Trouxe leveza, e paz, e ternura.
E teu beijo que viajou pelo vento
cruzando nortes pelo mundo ao meu encontro
finalmente chega a mim ainda intacto,
e em na minh’alma  promove o estardalhaço
de derrubar paredes de cinismo e angústia,
reconstruindo um elo simples de amor.
Um elo mais forte do que o tempo,
mais forte que as escolhas erradas,
mais forte que os caminhos traçados.
Como uma corsa , como um sopro...
Derrubando muralhas, abrindo caminhos...
Surgiste...
Surgiste e recuperaste minha face...
Minha verdadeira face...

Daniela Reis

SONETO DE FIDELIDADE

E o texto que dá nome a esse blog....




"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinícius de Moraes