Noite insólita passou sem mais delongas
Em meu peito a mesma crítica
a mesma súplica,
o mesmo vazio inquietante...
Nada
nunca
certo.
Nunca
nada
E os sorrisos com o tempo
congelam-se...
E a ojeriza que se encerra no meu peito
padece
e cresce.
Quando suspeita que escarnece e se desfaz
e o peito volta a sentir uma vez mais...
Nada se soma
nada se cria,
e uma vez mais se desfaz a sinfonia!
Do alto do alabastro
diante das portas de ferro
sinto-me tal Quasímodo:
Presa
e suja
e impura.
E das nuances de um enlace profundo
outra vez desfaz-se o sonho
vai-se embora...
Distancia-se...
Outra vez o abandono.
Do alto do alabastro
vendo as entradas do círculo de fogo
petrifico-me.
E creio não mais sentir-me
vendo o ferro fundindo-se
e assim as portas abrindo-se...
Mas dali mesmo,
do alto do alabastro
sinto a brisa do poente de além mar...
E desta brisa que minha face acaricia
vem o sopro da esperança uma vez mais...
O sopro que liberta
limpa
e purifica...
O sopro que traz o tilintar dos sinos
e o fulgor mais uma vez da sinfonia...
E que se faça lei o antigo aviso dos céus:
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
Por todos os dias de minha vida...
Que assim seja.
Que assim seja...

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