quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

MAPA DO TEMPO



Passo dias querendo o encontro
a passos largos procuro
dobro a esquina,
continuo.
Eu vejo rostos disformes
esquecidos nos velhos contos
rostos sem marcas nem histórias
quem sabe versos
quem sabe o pranto.
Na última esquina paro,
olho em volta
respiro,
um cigarro...
Coragem pra tentar a última saída.
Coragem pra mudar...
ou quem sabe enfim seguir em direção ao meu destino,
à minha vida.


Daniela Reis
 

sábado, 9 de novembro de 2013

DEIXO


Tem gente que canta
gente que dança
gente que só olha
gente que reclama.
Eu já fui de tudo um pouco.
Já passei alguns sufocos, tropeços, desencontros.
Hoje só respiro aliviada
de não carregar toda angústia
de uma vida escrita em branco
sem deixar nada de nada.



Daniela Reis

sábado, 28 de setembro de 2013

CICATRIZES


É uma inconstância sem tamanho
um embrutecer sem nem medida
um resplandecer de antigos medos
em nostalgia.
Qual é o cheiro que me chama?
Qual é o apelo que comove
e à duras penas ainda me torna frágil
ao que ninguém mais questiona?
Que culpa tenho em sentir cedo?
Sou cega por medo,
ou busco doçuras tardias
por pura tolice e despeito?
Quero um radar
um repelente
um detector que habilite meu peito
a refugar não quereres
a deletar simpatias
e extirpar tais viveres.
Me quero de volta
se é que algum dia me tive.
Só quero enxergar sem rótulos
pra quem sabe romper as amarras
e esconder cicatrizes.


Daniela Reis

terça-feira, 10 de setembro de 2013

RECOMEÇO

Às vezes o sentido se perde
a busca já não parece em consenso,
os olhares não despertam afeto
e tudo parece conduzir ao erro.
Recomeçar de onde?
Pra quê?
Se os entornos permanecem os mesmos
e ninguém se importa com nada
que esteja além de si mesmo.
Recomeçar é duro,
intenso,
é um reacender-se de fato
encarando as consequências
sem se tomar pelo medo.
Que se possa então conceber
o sentido real da mudança
fique a cargo do Universo
o renovar a esperança.
Que se faça lei
o antigo aviso dos céus
"Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por todos os dias da minha vida".

Daniela Reis

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AO TEMPO


Eu estou aqui.
Talvez você não perceba
mas ainda estou aqui.
Os dias se tornaram anos
as horas passam e passam
os cabelos já vem branqueando.
Visto que o tempo resolve tudo
e não temos com o que nos preocupar
conversamos vez que outra
resigamos à espera
de algo que não vai chegar.
Eu estou aqui
imperceptível
silenciosa
mas atenta aos descasos de outrora.
Eu estou aqui
ainda
não se sabe porquê.
Acho que eu ainda sonho
com um passado que não vivi
e ainda espero milagres
de quem sequer me sorri.


Daniela Reis

terça-feira, 2 de julho de 2013

Re-agir




E a busca agora faz sentido
mesmo que me passem pensamentos confusos
existe um ponto a chegar
existe um porquê lutar.
Meus ídolos tem os pés de barro
minhas impressões não passaram de um retardo
para a verdadeira descoberta:
de que as minhas escolhas
são um consenso entre o passado
e o modernismo do pensamento retrocesso.
Calo e ouço.
Sinto e calo.
Aspiro,açoito...
Degrado.
Seja o que for
há de ser verdadeiro.
Seja o que for
há de ter quissá algum respeito.
E eu o farei
inteira e completamente
absorta no meu credo e sentir
sustentada pelos meus ditames
independente do que ainda há de vir...


Daniela Reis

sexta-feira, 24 de maio de 2013

PROFECIA CELESTINA



Hoje me disseram que não queriam mais ler
que as recordações apertavam,
que subjugavam
e ainda faziam doer...
Então que a lembrança que eu traga
seja aquela nos nossos abraços
de segundos tranquilos,
efêmeros, mas bonitos
de risos sem traços de dor
nem falas de simples apegos.
Que a lembrança que fique
seja dos olhos sinceros
das luzes que irrompem de mim
apenas por ter teu afeto.

Daniela Reis

sexta-feira, 26 de abril de 2013

TREJEITOS



O espelho de minha alma
percorre o impuro e o hostil
com o enegrecer dos teus delitos
refletindo teu corpo febril.
Os quereres mais volúveis
das sagas de puro anseio
rutilam novos viveres
massificam, apenas desdenham.
Meus quereres são escombros
que restaram em meu peito
que buscam um trejeito
de usurpar nova cadência
de abdicar de seu passado
de reacender-se em pura essência.
Reflete as mesmas trilhas
as mesmas nuances de outrora
tropica nos mesmos artífices
revive as mesmas memórias.

“Desencarcera os temores
ó astro rei e redentor!
Apascenta meus brados de angústia
retém meus anseios de amor...”

Daniela Reis

quarta-feira, 24 de abril de 2013

PROFUNDEZAS




Profundezas inexatas

tais quais almas renegadas.

Solidão abismo inerente

de tais sonhos...Indiferente.
 
Oceano impregnado

de diferentes emoções,

no ápice da loucura

as mais puras sensações...

Amar... Viver...

E do nada surpreender!

Do coração, mar de silêncio

nascem novos sentimentos...

Seus segredos obscuros

permanecem a esperar

pelo mágico (quem será?)

que a eles irá desvendar.

Daniela Reis

domingo, 21 de abril de 2013

DO AMOR





Tão simples,
Singelo...
Quão temente por ti espero!
Ambígua luta
que em disparate,
revira as lendas,
afetos...
De tudo aquilo
já antes desperto.
Amor,
de luxúria,
de laboriosa censura.
Dele estende a ti
meus quereres mais ousados,
meus desejos rebuscados
já de outrora desejados.
De singelo basta o sol
que tão simples desenhado
reflete o amor mais puro
que repousa em meu regalo.

Daniela Reis

sábado, 20 de abril de 2013

TORMENTA



Quantas vezes eu quis carregar no colo
sem forças pra poder pedir,
quantas vezes quis abraçar bem forte
ou te ver apenas sorrir...
Afinidade não se escolhe
não se define...
Apenas acontece e se soma
é bem querer e carinho.
O tempo escarnece de nós
meros mortais desmedidos
e brinca como que com fantoches
a perecer ao destino.
E nas horas em que parece
que não tem mais pra onde fugir
e que as paredes se fecham
sufocando o que ainda senti
me apego às boas lembranças
dos momentos puros da infância
e das coisas que já vivi.
Me apego aos amores e amigos
ao sol que ainda nasce e se põe
aos velhos e bons livros...
Se acaso estiveres triste
lembra que a saudade é eterna
mas a lembrança acaricia e acalenta
e eu estou aqui
pra aquietar a tormenta.


Daniela Reis




terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CLARISSE


Clarisse está sentada no seu quarto
com seus discos e seus livros
lustrando seus sapatos
e ouvindo Beatles.
Demora a dormir
quando se põe a pensar
lembra dos trabalhos da aula
e das contas pra pagar.
Acorda Clarisse! É hora de trabalhar!
Às vezes se corta no banheiro
depilação é cara,
ela usa gilette mesmo.
E sai de cabelos molhados se sentindo limpa
com a alma lavada
pronta pra enfrentar
mais um dia de gente grande
mais uma descoberta, um despertar.
O mundo continua sempre o mesmo
mas Clarisse desconstrói o céu
e o recria com seus próprios dedos.
Três pontas? Um quadrado?
Não!
Clarisse o faz redondo
como a sua cara de lua.
Ah! O céu e sua imensidão!
E quando chega o fim do dia
e ela só pensa em descansar
olha para o céu e vê a lua
puro brilho a iluminar
e reza baixinho
e agradece
por tudo que a vida lhe dá.
Clarisse é um pássaro
se a trancam na gaiola
fecha os olhos com força
e tudo em torno de si se transforma.
Clarisse não tem mais 14 anos.


Daniela Reis

sábado, 23 de fevereiro de 2013

IWAZARU



Não vou mais falar
apenas ouvir.
Se eu falo me perco
desnorteio
tropeço.
Não vou mais falar
apenas ouvir.
Que eu ouça o silêncio
mas possa sorrir.
Ele realmente não entende
não sabe o que se passa por inteiro...
Mas não vou mais falar,
sequer vou ouvir!
Se eu me ouço me perco
e se perder é sempre um tropeço
um eterno sucumbir.

Daniela Reis

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ESCOLHA




Lá fora a luz é tênue
As nuvens corrompem qualquer resquício do sol...
Faz frio, tem névoa
e os espíritos maus rondam as almas benditas
que se deixam envolver pelo breu.
Minh’alma está entre aquelas
que se fazem a própria luz,
deixando por onde passam
uma gotinha de brilho
guiando aqueles que querem
apenas seguir com a sua cruz.
Eu não desfaço daqueles que temem
muito menos dos que não tem fé.
É uma escolha:
Ou se planta sorrisos,
ou então se desdobra em suspiros
na lamentação do que não se é.

Daniela Reis

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

LUZEIROS

Se eu tivesse que optar
entre viver por viver
ou ainda me machucar
preferiria andar por entre os cacos,
pisar na brasa, sangrar no aço
do que me subjugar aos tolos.
Não é orgulho nem vaidade.
Não é escárnio.Não sou ambígua!
É um perceber da realidade que me afunda
que me distrai do passo lento,
da caridade,
do amor... Da pura e simples liberdade.
Tolos, impuros, vazios...
Sem sentimentos
me afundam em seus breus
e apagam meus luzeiros.
Entre viver por viver
ou ainda me machucar
prefiro ser pura luz, ser diferente,
ser a guia a me guiar,
e em meus passos vou clareando
quem meu caminho atravessar.


Daniela Reis



sábado, 26 de janeiro de 2013

ESPELHOS


Teus olhos me refletem
mas não conseguem me ver.
Refletem minha alegria crua
minha sensibilidade,
meus medos e anseios,
mas não veem o caos que se instala sem rodeio.
Teus olhos me refletem
mas não conseguem me ver...
Talvez pela pureza que se abala,
talvez pela moral que me arrebata...
Se eu pudesse quebrava os espelhos
limpava as luzes
acendia os braseiros.
O que reflete em teus olhos
é distorcido pelo que sentes
e o sentir que te assusta
só se revela com o tempo.
Teus olhos me refletem
mas não conseguem me ver.
Acordo no quarto de espelhos
sozinha e sem nenhum apego.
Então percebo...
É você quem está no reflexo.

Daniela Reis

CAIXINHA DE MÚSICA

Voltaria então
voltaria mais tarde
já que a porta se fecha
e o coração não faz alarde.
Esperaria então...
Esperaria pelo dia 
em que os olhos enxergassem
e em que as verdades fossem ditas
sem nenhuma maquiagem.
Ela só teme pelo tempo
outra vez voraz e tênue, 
que calcifica os sentimentos
e então distorce os pensamentos.
Mas ela espera,
e ela volta.
E quem sabe um dia
ao bater à porta
ele não tema o seu sorriso...
E quem sabe, não tão distante
um novo tempo se levante
sem os resquícios das mágoas
de um passado intolerante.


Daniela Reis